Onde ela se perde..."Engel"

A janela estava aberta, as cortinas voavam e o sol adentrava aquele ambiente frio e sem alegria; apesar das cores, das bonecas e das lembranças, seu coração não sorria.
O alarme tocou seu hino de bom dia e ela despertara dos seus sonhos; eram 6 da manhã e ali começava sua rotina. Tinha que ir à escola, suportar pessoas insuportáveis, amar pessoas adoráveis, ser simpática com os mais antipáticos...
Na aula de Português, um debate; tema: realidade X fantasia. Ali lembrava da noite passada em que esteve acordada a refletir justamente sobre isso, aquele assunto a angustiava, talvez por sua tão pouca idade, talvez pela fase de carência afetiva que atravessava há alguns dias.
Por que ela não podia viver um amor como aquele da mocinha e o mocinho do filme? Por que dos sapos que ela beijou, nenhum virou príncipe?
Sonhadora. A realidade a sufocava. Mimada. Até pensamentos passageiros a abatia.
Sentia que estava cansada daqueles namoros-de-escola que tinha frequentemente; queria algo mais forte, que começasse por acaso, num parque de dviersões ou na fila do cinema, e que fosse intenso, um amor de "eu te amo" ao acordar, de não se importar com a cara amassada ou o cabelo bagunçado do outro, de surpreender, de fazer planos, de concretizá-los, de amar loucamente, de intimidade, amizade, companheirismo e paixão...
Seus olhos brilhavam... seu coração sorriu...
O sinal tocou e ela parecia voltar do paraíso.
Seu príncipe encantado existia apenas nos seus sonhos de menina.
As luzes acendem e sobem os créditos.